Sempre que ministro alguma palestra referente à comunicação da
sustentabilidade ou abordo o tema em minhas aulas, sou questionado acerca da
veracidade das iniciativas “sustentáveis” adotadas pelas empresas.
Muita gente descrente e desconfiada, vitimadas por um longo histórico de
discursos vazios e promessas enganadoras das organizações empresariais, vê
nessa forma de divulgação mais uma tentativa de se “ludibriar” os consumidores.
É verdade que, para muitas empresas, a sustentabilidade ainda está apenas na
boca e não no coração, na mente, nos braços, nas pernas e na alma. Para muitas
organizações falar em sustentabilidade está na moda, atrai a mídia e “dá” uma
boa imagem.
Porém, não podemos generalizar. Existem muitas iniciativas sérias de empresas
que já perceberam que sustentabilidade não é escolha ou opção de marketing, mas
sim questão de sobrevivência.
Mais cedo ou mais tarde, atuar de maneira sustentável será tão fundamental e
intrínseco às empresas quanto produzir com qualidade ou atender às expectativas
dos clientes. Algumas não o fazem, mas essas estão fadadas ao fracasso!
E a comunicação nessa história?
Bem, como afirma Manuel Castells, um dos maiores pensadores da comunicação nos
nossos tempos, vivemos a Era da Informação. Ela, a informação, é o maior valor
e a mola propulsora das transformações sociais e econômicas.
Somente por meio de um processo eficaz de comunicação é que as empresas
verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade conseguirão se diferenciar
dos oportunistas de plantão, dos adeptos do “greenwashing”. É através do acesso
a informações de qualidade que a sociedade será capaz de diferenciar o joio do
trigo.
Por essas e por outras é que precisamos “falar” e “ouvir” muito sobre
sustentabilidade. Precisamos ir fundo nesse debate que não se esgota.
Se para muitos a sustentabilidade é apenas teatro, precisamos deixar de ser
coadjuvantes para assumirmos o papel de protagonistas nesse espetáculo,
cobrando cada vez mais veracidade na atuação de todos os atores.
O que não podemos esquecer é que estamos em pleno processo de transformação e
ainda há muito que evoluir. Uma nova sociedade está se construindo sob os nossos
olhos e os erros e desvios são invitáveis nessa fase.
Cabe a nós a missão de sermos agentes transformadores, multiplicadores de novos
conceitos e valores, onde a ética, a transparência e o equilíbrio são as
palavras de ordem.