Não há dúvidas de que a Comunicação Organizacional no Brasil vem
passando por um processo de grande transformação. Aos poucos, as organizações,
em especial as empresariais, vêm evoluindo na busca de uma comunicação mais
eficaz, dirigida e contextualizada.
É verdade que esse processo ainda é lento frente às demandas de um mercado
globalizado e cada vez mais competitivo, mas os sinais são positivos. Hoje, já
é comum encontrarmos empresas que buscam mapear seus stakeholders e, sobretudo,
compreender suas expectativas e necessidades em termos de comunicação.
A convergência das mídias também é uma realidade para algumas empresas. Elas já
perceberam que comunicar tem a ver com a criação de um clima favorável à
transmissão de mensagens em duas vias, mas esse assunto é muito amplo e merece
uma reflexão específica.
A bola da vez nesse momento são os Relatórios de Sustentabilidade. Cresce
rapidamente o número de empresas que publicam esse tipo de material e não há
dúvidas de que os relatórios são uma excelente ferramenta para a divulgação das
ações e da postura sustentável adotadas pela empresa. Através deles, as
empresas podem associar, de maneira permissiva e responsável, sua marca a
valores socioambientais cada vez mais exigidos e valorizados pelos consumidores
e pela sociedade em geral.
O que se questiona, porém, é se as empresas têm aproveitado todo o potencial
que essa ferramenta oferece. Mais que uma simples prestação de contas, os
relatórios devem ser encarados como instrumentos de gestão para as empresas que
desejam ser efetivamente sustentáveis.
Ao estabelecer e monitorar indicadores, definir metas futuras e analisar os
resultados alcançados, a empresa tem a chance de trazer a sustentabilidade para
a prática de seu dia-a-dia. Por outro lado, se esse processo é feito de maneira
apenas mecânica e burocrática, o relatório se torna um material ilustrativo, desconectado
da prática da gestão.
Outro aspecto a ser considerado é a adoção de um modelo base para a confecção
do documento. O padrão GRI é o mais reconhecido e adotado mundialmente.
É importante a adoção de um modelo para permitir o benchmarking entre diferentes
organizações e também para garantir a credibilidade do material. Ao seguir um
modelo, a empresa se compromete a apresentar e a discutir indicadores nos quais
talvez não tenha tido um bom desempenho no período. Essa postura mostra
comprometimento e tira o tom apenas de propaganda institucional que muitos
relatórios e balanços costumam trazer.
Por fim, as empresas que querem comunicar sua sustentabilidade através dos
relatórios precisam avaliar o perfil de seus stakeholders. Os relatórios
impressos têm lugar garantido junto a alguns públicos, mas a adoção de veículos
digitais e mais interativos representa uma tendência e deve ser levada em
consideração. O mais importante é lembrar sempre que comunicação é uma via de
mão dupla e que o dever de ser compreendido é de quem transmite a mensagem.